Crise Hídrica

9/27/2019

Crise hídrica é um assunto que se tornou bastante falado nos últimos tempos, principalmente quando estamos em período de seca aqui no Brasil. Quem não se lembra da crise hídrica que atingiu São Paulo entre 2014 e 2015, uma das piores da história? Quem viveu se lembra bem dos períodos de racionamento, dos banhos rápidos, do controle absoluto ao desperdício e, principalmente, das imagens dos reservatórios que abastecem a metrópole de São Paulo praticamente vazios.

Mas, o que aconteceu para que houvesse essa crise de água na região? Uma série de fatores foi crucial para esse contratempo, sendo eles climáticos, sociais e governamentais, por exemplo. O fato é que essa crise hídrica de 2014-2015 já vinha sido prevista anos antes, mas nada foi feito para contê-la e quando percebeu-se que ela seria avassaladora, já era tarde demais.

Nem vimos o estrago chegando...

A metrópole paulista (assim como outros municípios e regiões metropolitanas do país) é abastecida pela água que fica armazenada em grandes reservatórios, como o Sistema Cantareira, por exemplo, um dos mais afetados. A água desses reservatórios vem principalmente das chuvas que acontecem ao longo do ano, com um “ boom” durante o verão, que é o período mais chuvoso do ano em São Paulo. Acontece que, desde 2011, o volume de chuvas esperado durante cada mês foi abaixo da média esperada, fazendo com que o volume dos reservatórios diminuísse cada vez mais. O problema se somou ao fato de que “ninguém percebia isso”, então o consumo de água era o mesmo, até que, em 2014, os reservatórios da metrópole paulista entraram em nível de alerta, ou seja, estavam em sua capacidade crítica, correndo risco de ficarem completamente vazios se nada fosse feito. Para isso, o governo do estado precisou tomar certas medidas como utilizar o tal do “volume morto” (reserva de água que ficava abaixo do nível dos reservatórios), fazer a captação de água de outros reservatórios e adotar racionamento em casos mais críticos.

Felizmente, a partir de 2016, as chuvas esperadas voltaram a acontecer dentro da média esperada, assim como o consumo de água tornou-se mais sustentável, já que as medidas adotadas naqueles momentos de crise permaneceram no hábito da população. A partir de então, o assunto crise hídrica nunca mais foi o mesmo, e tanto a população quanto as autoridades estão mais alertas quanto a isso.

No entanto, não podemos deixar passar o fato de que o governo do estado, sabendo que um colapso hídrico poderia acontecer naquela época, não fez nada para que esse cenário pudesse ser evitado. O Estado de São Paulo é o mais populoso do Brasil, e a população cresce a cada ano, demandando cada vez mais de recursos e aumentando o consumo. Além disso, não só em São Paulo mas no Brasil todo, um problema grave que pouco é feito para resolvê-lo é o desperdício de água durante a distribuição. Muitas redes de abastecimento possuem tubulação antiga, promovendo vazamentos que, caso fossem consertados, poderiam até mesmo evitar aquela crise hídrica em 2014, já que o volume de água desperdiçada nesses casos é absurdamente grande.

Além disso, as indústrias também têm culpa nisso, já que sabe-se que o maior consumidor de água no país é o setor industrial e agrícola, que utilizam água aos montes para produção de alimentos, bebidas e outros recursos pessoais, por exemplo. Como dissemos antes, foi uma soma de fatores que fez com que a crise hídrica de 2014 acontecesse.

O fato é que, superada a crise, fica a lição para que esse evento não aconteça novamente. Tanto em prol do meio ambiente, quanto para não lesar a população, visto que a água é um recurso indispensável à vida. O Brasil, que é um país abundante em água, deve promover uma política ambiental hídrica que seja sustentável e que garanta o acesso universal a este recurso.


Seiva Júnior

Consultoria em Sustentabilidade